11 de agosto de 2010


eu nasci, filha, só pra poder ter o prazer de gerar você.

eu tentei..

tentei mil vezes. Com mil rascunhos... centenas de rasuras.
Mas eu ainda não consegui escrever sobre a Liz.

Toquinho canta Canção para Jade.. e talvez traduza um pouco do que eu tenho a dizer.


...

Quando algo me abala demais. Quando eu amo demais. Quando eu sinto demais.
Simplesmente, me calo.


Se você é algo pra mim, filha, é toda a minha vida, no mínimo.
O ser mais lindo e perfeito que já conheci.
Os olhos, de Deus.


.

amor.
Mamãe.


7 de agosto de 2010

Fica você, a lembrança mais linda da minha história.

Eu convido a quem possa e quem queira, a ler esse post ouvindo essa música.. 
http://www.youtube.com/watch?v=MiV8GarcHHo
(Naquela Mesa  - Sergio Bitencourt)






Ah pai... 
Hoje, vim aqui, como em uma oração, conversar com você. E chega a ser engraçado, porque
mesmo assim, ausente, eu te sinto. Assim como te vi do meu lado no dia em que a Elis nasceu... Assim
como eu a te entreguei pra que ai, do outro lado, você a cuidasse.. Assim como eu te via, sentado na varanda
porque era mais fresco. E seu calor.. insaciável. E o seu jeito de pedir pra que eu sentasse ao seu lado...
E o seu orgulho de dizer dos trabalhos que já havia feito.. Sua delicadeza em colocar a flor na mesa ..Seu pastel de quarta feira... Seu chinelo que nunca saia do pé.. A sua barba, insistente, que era feita todos os dias.
Sua vaidade. Seu cheiro. Seu jeito. Suas músicas. Seu piano. Seu sorriso...
Cadê você , pai? Cadê teu abraço pai?... cadê você pra me contar seu dia?... cadê você pra devagarinho descer a rua.. Cadê seus abraços... seus braços? Cadê suas poesias, pai ?Cadê seu dedinho pra gente medir?


Eu teria tantas coisas a conversar... eu tenho tantas coisas a me desculpar.. e eu queria tanto dizer
que te perdôo de tantas outras.. 
Lembra  da nossa última virada de ano? .. eu vim correndo de Turiuba só pra passar os últimos segundos
de 2006 com vocês... e eu lembro, que no meio da multidão , as 23:58 eu te olhei e você me sorriu... como se não visse a anos.. como se o que você mais precisava ali, eramos todos juntos. E estávamos.. 
Lembra de você chorando na minha colação de grau do colegial? .. e lembra que todos os meus amigos que
chegavam em casa você se apresentava?... todas as vezes você falava "Oi prazer André!" rsrs.. Ah pai..
todos os meus amigos sempre gostaram muito de você.
E lembra que você queria fazer surpresa pra mãe quase toda sexta feira, ou datas especiais e a gente falava: "mas paaii a mãe não gosta de surpresas! " e você insistia.. "não, ela vai gostar sim! Não gastei quase nada..." 
.. Pois é pai. Hoje eu tenho que te contar.. que nós falávamos pra mãe que você ia fazer algo.. pra ela não ficar brava com você porque você havia feito com carinho.. Desculpa pai, mas assim evitamos algumas discussões!


Lembra pai, quando você assaltou a geladeira e comeu casca de abacaxi congelada!? ahahaha... a gente 
te zuou tanto e você falava "nãaao eu gosto, eu gosto !" rsrs.. E quando a mãe te enganava colocando carne de soja no lugar da carne moida? ... Acho que dessa você também não sabia.. 


...


Eu não sei como terminar essa carta.. esse texto.. essa oração...
Fica o silêncio que você me deixou... 
fica o calor do seu abraço.
Fica você, a lembrança mais linda da minha história.


Obrigada Pai... Obrigada.




Sua caçulinha.. raspinha do taxo! Anninha..

6 de agosto de 2010

as tais frases...


.. Pronto! tudo confessado! 





Sempre que uma situação começa a ficar boa ou simplesmente começa, solto minhas frasezinhas bombas. Não sei se com isso quero realmente foder a minha vida ou me proteger de me foder. Acho que segundos antes de explodir tudo, penso assim: se eu falar a frase mais errada do mundo, só os realmente fortes sobreviverão. O que eu não percebo é que no começo de alguma coisa, ninguém ainda é realmente forte para agüentar minhas frasezinhas bombas.  
E todo mundo, sem exceção, acaba correndo assustado. E no dia seguinte eu acordo com aquele misto de vitória com tristeza. Sozinha novamente. Como se isso fosse um prêmio mas também uma doença.  
Dentre as minhas frasezinhas bombas tenho três prediletas “to morrendo de saudades de você”, “a vida sem amor é uma merda” e “você me dá pouca atenção”. Quase nunca to morrendo de saudades de alguém, não existe a menor chance de eu amar algum desses trastes que me aparecem e caguei se eles me dão ou não muita atenção. Mas ainda assim falo, ainda assim mando uma frase dessas. Só pra ter o triste prazer de ver o covarde ficando branco, escondendo os dentes, enfiando o pinto no cu. E sumindo finalmente da minha vida.  
É o jeito que arrumei de me rebelar contra essa hipocrisia masculina. Eles podem dormir na casa da gente, enfiar o pauzinho no meio das pernas da gente, pedir uma torradinha com requeijão de manhã, mijar pra fora do nosso vaso, contar a vida deles e pedir mais carinho nas costas. Mas não suportam ouvir no dia seguinte um simples “gosto de você”. Covardes de merda. Odeio essa hipocrisia masculina. Se eles falam mil vezes que querem te ver é tesão e você não pode se assustar, mas se você falar uma única vez que quer vê-los, é porque você é uma mala que está “misturando sentimentos”. E eles podem se assustar. Que preguiça desse planetinha dos macacos e suas bananas.  
E sigo com minhas frases matadoras. “Pensei em você hoje”; “Voltei antes pra te ver”; “Vamos nos ver hoje?”; “Vamos comigo na festa da minha amiga?”; “O que você vai fazer no feriado?”  
E tenho cada dia mais nojo de como frases ditas pra ser agradável soam como um assassinato. E tenho nojo de pensar que quando você tira o controle deles, eles não sabem mais o que fazer com você. “O que eu vou fazer com uma mulher que eu já conquistei?” Tenho cada dia mais nojo de como as pessoas se consomem e não se conhecem, não vivem nada. Não sabem nada da vida da outra a não ser o tamanho dos peitos e se o desenho dos pêlos é mais para Claudia Ohana ou bigodinho do Hitler.  
Homens acham que a página 1 é trepar e a página 2 é casar. E como têm pavor da 2 (e quem disse que as mulheres também não têm?) acabam nunca saindo da 1. E nisso conversas incríveis, descobertas maravilhosas e histórias lindas morrem antes mesmo de nascer. Eles podem te comer mas jamais passear de mãos dadas com você.  
Isso tudo me dá um bode profundo. Mas no fundo tenho mais bode é de mim. Por ter dito frases desse tipo para pessoas sem nenhuma magia, sem nenhuma poesia. E que ao invés de enxergar beleza enxergaram “carne ganha”. E no fundo eu nem sentia nada por essas pessoas, estava apenas testando a hipocrisia do mundo. Estava apenas comprovando que se tratava apenas de mais uma “carne podre”. 
Acho de verdade que a puta da Glenn Close estragou a vida de algumas mulheres. Basta você dizer um inocente “você é lindo” pro cara achar que você vai controlar a vida toda dele. De onde eles tiram que somos tão assustadoras? A gente só quer ter com quem rir no final do dia e ganhar alguns beijos no lugar certo. Nada muito diferente do que eles querem. 
Mas cansei. Definitivamente cansei. Cansei de um mero “nossa, tava pensando em você” equivaler a um “nossa, tava pensando em você de terno e gravata no altar de uma igreja”. Já que pouca coisa assusta tanto, decidi que agora vou jogar pesado. Daqui pra frente minhas frases matadoras vão ser de “quero ter mais um filho e  um filho seu” pra pior. Quem quiser sair comigo vai ter de ouvir “posso dormir aqui?” ou ainda “acho que estou me apaixonando por você”. 
E quem sobreviver a esse verdadeiro extermínio de pretendentes, vai descobrir que eu sou só mais um ser que morre de medo do amor e da convivência. 

Confessado.
Afirmado em cartório.
De véu, grinalda e noite de núpcias. 

Era uma vez... numa terra muito distante...uma princesa linda, independente e cheia de auto-estima.
Ela se deparou com uma rã enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo era relaxante e ecológico...
Então, a rã pulou para o seu colo e disse: linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito.
Uma bruxa má lançou-me um encanto e transformei-me nesta rã asquerosa.
Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir lar feliz no teu lindo castelo.
A minha mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavar as minhas roupas, criar os nossos filhos e seríamos felizes para sempre...
Naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria, pensando consigo mesma:
- Eu, hein?... nem morta!

LUIS FERNANDO VERISSÍMO